Presidente da Câmara de Torres escreve carta-aberta à ministra da Saúde a perguntar sobre o novo Hospital do Oeste
- Categoria: Oeste
- 16/01/2025 05:48
A indefinição sobre a localização e o processo de financiamento e gestão do futuro Hospital do Oeste levou a presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras a escrever uma carta-aberta à ministra da Saúde onde questiona ainda a governante sobre vários problemas que a região enfrenta neste sector e, em particular, o seu concelho.
Laura Rodrigues recorda, na missiva, que o Ministério da Saúde, em Maio do ano passado, informou a comunicação social de que estaria a avaliar o processo de construção do novo Hospital do Oeste para tomar uma decisão e que este teria “toda a prioridade”. “Vamos recebendo informações esporádicas e vamos assistindo aos estudos e argumentos que o edil das Caldas da Rainha [Vítor Marques] vai colocando na rua enquanto há este vazio de decisão”, critica a edil socialista. Dizia-se em Maio de 2024 que “o Governo encara este projecto como muito relevante para toda a região e irá dar-lhe toda a prioridade que ele merece. A pergunta que fazemos, como certamente fará a grande maioria dos oestinos é: será esta a prioridade que merecemos?”, questiona.
A autarca de Torres Vedras interroga a ministra Ana Paula Martins, dado que se passou quase um ano após as suas declarações e com inscrição de dotação financeira no Orçamento de Estado de 2025: “por que esperamos?”. Para Laura Rodrigues, a Coesão Territorial é “uma expressão que é querida a todos os governantes” porque serve para evocar a correcção de assimetrias entre litoral e interior, entre os que estão mais próximos da capital e os que em tempo ou distância lhe ficam mais longe. “Mas, porque o discurso sobre a coesão trabalha com os extremos, pode dar-se o paradoxo de um território litoral a pouco mais de meia hora de Lisboa ficar esquecido sucessivamente, fora das preocupações com prestação de serviço público ou com coesão territorial. Assim tem sido com o Oeste no que à prestação de cuidados de saúde diz respeito”, analisa a responsável do executivo municipal torriense.
Outra crítica velada ao Governo gira em torno dos investimentos previstos para o hospital público nas Caldas da Rainha, onde irão ser investidos oito milhões de euros na reabilitação de um dos edifícios, de acordo com o anúncio recente da Unidade Local de Saúde do Oeste. Ao invés, nada foi adiantado sobre qualquer intervenção no hospital público de Torres Vedras. “Por aqui nem investimento no actual hospital nem médicos”, lamenta Laura Rodrigues, que recorda que o concelho continua a ter 40 mil utentes sem médico de família no Serviço Nacional de Saúde. “Continuamos a ter um hospital onde não cabem os utentes que dele precisam e onde bastaria percorrer os corredores para perceber que falta dignidade e condições tanto para os utentes como para os profissionais de saúde, que fazem o que podem para responder às necessidades da população”, alerta a autarca.
Recorde-se que o anterior Governo decidiu a localização do novo Hospital do Oeste no Bombarral, após a realização de um estudo realizado pela Universidade Nova de Lisboa para a OesteCIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste. A decisão não foi do agrado das Câmaras Municipais das Caldas da Rainha e Óbidos, que contestaram a decisão e defendem desde então que a futura unidade hospitalar regional seja construída na confluência dos dois concelhos. O actual Governo decidiu reavaliar o processo e transmitiu aos autarcas que no início deste ano anunciava a localização da infraestrutura e, até ao final do primeiro semestre, o modelo de construção e financiamento, se através do recurso a uma Parceria Pública e Privada ou através de administração directa do Ministério da Saúde.